SAÚDE TOTAL
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
Como enfrentar momentos difíceis
Acredito que o psicoterapeuta e escritor M. Scott Peck foi direto ao ponto quando escreveu que “a vida é difícil”.
Parece que a proposição do autor vai na contramão do que entendemos até então, pois sempre ouvimos que precisamos ter pensamentos positivos para enfrentar as adversidades.
Todavia, os estudos mais recentes têm mostrado que este conceito somado a coragem de enfrentar as agruras da vida tem resultado em crescimento transformador.
A grande cartada é não se deixar dominar por sentimentos de impotência que, na maior parte das vezes, são muito limitantes; mas entender que a resiliência é aprendida e para tal fim é necessário que eu tenha coragem de vivenciar os períodos conturbados.
Se recordarmos de tantos momentos não muito agradáveis que vivenciamos até aqui, vamos perceber que somos mais fortes do que pensamos ser. Mas por que tem horas que desejamos desistir de tudo?
Penso, que muitas vezes, não ponderamos na situação vivida. É lógico que diante de uma dificuldade, estaremos sendo mais controlados pelo cérebro inferior, que é o nosso cérebro emocional, mais do que o cérebro superior, que é o nosso cérebro racional.
Porém, se pararmos um pouco e respirarmos, a emoção vai se esvair e conseguiremos ter um momento de reflexão que nos auxiliará numa busca por caminhos que possam minimizar a angústia produzida pela dor oriunda dos contextos conflituosos.
Viktor Frankl, após sobreviver ao campo de concentração Auschwitz, aprendeu uma lição que muito bem pode ser abarcada por nós. O psicólogo entendeu que quando você não pode mudar seu mundo externo, você tem que trabalhar para mudar nosso mundo interno.
Ele relata que quando tudo parece estar perdido, podemos mudar nosso olhar para a situação, por meio da escolha e do controle do que pensamos. O que ele nos orienta é interpretar as situações não muito agradáveis de maneira a nos beneficiar, ou seja, dá para tirar pérolas do caos. Para tanto é necessário disposição, vontade e exercício mental.
Todavia, se a situação chegou a um patamar em que não posso controlar, preciso recorrer a profissionais da saúde mental para que estes me auxiliem a encontrar caminhos possíveis de controle desta ou destas emoções que estão me consumindo.
Jamais devemos permitir que o contexto ruim nos leve a um nível de angústia incontrolável, a ponto de que não consigamos encontrar saídas. A vida vale a pena, e muito. Não desista dela nunca.
Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!