CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
O caminho do prazer
Anna Lembke desenha o caminho do prazer de maneira muito fácil de entender. Ela registrou que “os neurotransmissores são como futebol. O artilheiro é o neurônio pré-sináptico. O goleiro é o neurônio pós-sináptico. O espaço entre artilheiro e o goleiro é a fenda sináptica. Assim como a bola é jogada entre o artilheiro e o goleiro, os neurotransmissores conectam a distância entre os neurônios: mensageiros químicos regulando sinais elétricos no cérebro”. 1
Ou seja, o caminho que é percorrido pelos neurotransmissores já aciona o prazer. Então, já nos sentimos motivados e gratificados.
Isso quer dizer que quando estamos nos preparando para um evento, uma palestra, um encontro, ou qualquer outra ação que nos trará alegria, antes que esta aconteça, já estaremos sendo dominados pela dopamina, um fortíssimo neurotransmissor.
Evidentemente que a dopamina não é o único neurotransmissor envolvido no processo de gratificação, mas é um dos mais fortes.
E não podemos negar a veracidade da ação da gratificação ainda no caminho da ação. Já reparou quando vamos a um encontro? Ficamos eufóricos, escolhendo a roupa, o sapato, o perfume, o que vamos fazer. Antes de estar no local, com a pessoa escolhida, já nos sentimos felizes.
E para além das felicidades saudáveis da vida, precisamos atentar para um fato que é muito sério e está muito presente nesta sociedade caótica que estamos vivendo. Quanto mais dopamina uma droga libera no caminho da gratificação, mas adictiva ela se torna.
Conversando com uma amiga ela relatou que quando está muito angustiada come muito chocolate. E não é para menos. O chocolate libera 55% de dopamina que, consequentemente, trará alívio a alguma dor. O sexo libera 100%. Este se for realizado com responsabilidade torna-se uma boa escolha.
Todavia, a nicotina libera 150%. Em relação aos dados de 2020, em 2022 houve um aumento de 35% do número de fumantes no Brasil. E o que é mais assustador é que a população está fumando cada vez mais cedo. Há constatação de crianças com 8 anos já fazendo uso de tabaco.
A cocaína libera um aumento de 225% de dopamina, por isso é tão adictiva, só perdendo para a anfetamina que libera 1000%. Todavia, é um prazer que tem um curto período de duração e que tem causado muitas mortes, nos Estados Unidos principalmente, a ponto da situação ser considerada como crítica. Mas uma constatação é fato: o uso de drogas é um problema mundial e, precisamos nos acautelar para não adentrarmos neste caminho com pouco ou nenhuma volta.
No próximo artigo vamos entender o porquê que tantas vezes nós miramos no prazer e acertamos no sofrimento.
Um fortíssimo abraço para você!
Referência:
LEMBKE, Anna. Nação dopamina. Trad. Elisa Nazarian. São Paulo: Vestígio, 2022.
Instagram: baunilha 45 e S48M7
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