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A cana-de-açúcar compõe um capítulo especial da história do Brasil, e sua atuação no mercado nacional sobreviveu a todas as crises políticas e econômicas que vieram logo após o descobrimento. A tradição iniciada por volta de 1532 ainda se mantém firme. A ponto de o país ser hoje o maior produtor mundial. Na safra 2020/2021, foram cultivadas 654,5 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A performance brasileira não ocorre por acaso. O setor dispõe hoje de um alto nível de automatização, que tem contribuído para a eliminação dos chamados subempregos. Além disso, a produção de etanol, um dos principais derivados da cana-de-açúcar, representa uma energia alternativa há décadas já estabelecida no país, e que se caracteriza por ser mais limpa e mais barata do que a gasolina e até do que seus similares em outras nações.
“O etanol brasileiro gera uma quantidade de CO2 não apenas irrisória perto do que é emitido pela gasolina como também é 90% menor em relação ao etanol norte-americano, produzido a partir do milho. Isso permite concluir que há uma imagem muito forte que pode ser explorada pelas condições ambientais que as nossas usinas propiciam”, sustenta Daniel Guimarães, sócio fundador da 2DA, empresa especializada em consultoria branding e transformação cultura.
Essa exploração, associada a um trabalho direcionado para o fomento e para a excelência da produção canavieira, pode elevar consideravelmente o consumo de etanol no mercado interno e impulsionar as pesquisas em biotecnologia para tornar o produto ainda mais eficiente. “É importante lembrar que já temos um mercado adaptado ao consumo de etanol, visto que a grande maioria da nossa frota é composta por veículos flex. Mas é preciso agregar valor ecológico ao produto e reforçar a sustentabilidade que ele oferece”, avalia.
Segundo Daniel Guimarães, uma das vantagens da produção canavieira do Brasil é que ela não entra em conflitos socioambientais e alimentares como os seus pares internacionais, como Estados Unidos e Europa, onde as matérias-primas dos biocombustíveis são disputadas para servir entre duas finalidades: o combustível e os produtos alimentícios. “Enquanto nos Estados Unidos utilizam o milho e na Europa usam o trigo, dois produtos que estão também na mesa dos cidadãos, o etanol brasileiro não carece de um insumo que precise dividir suas atribuições com as necessidades nutricionais da população”, esclarece o sócio fundador da 2DA.
Além disso, afirma, a produção do combustível enquadra-se num setor onde os avanços são bastante amplos, de modo que hoje já existe uma segunda geração de etanol, que vem significando benefícios ao mercado. “O etanol 2.0 vem do aproveitamento dos restos da cana, que antes eram destinados a alimentar as caldeiras das próprias usinas. Isso garante uma produtividade em torno de 50% em relação a geração anterior. Isto significa que temos um mercado bastante sólido, altamente sustentável, mas que ainda necessita de fortalecer o seu protagonismo como indústria de excelência. Esta é uma vocação bastante apropriada ao setor”, conclui o sócio.
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