segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Uberlândia 134 anos: passado e presente da capital do Triângulo Mineiro

   Uberlândia 134 anos: passado e presente da capital do Triângulo Mineiro


Primeiro texto da série comemorativa conta sobre criação do município e planos de desenvolvimento do então distrito


Foto: Secretaria de Governo e Comunicação/PMU


Em comemoração ao aniversário de 134 anos de Uberlândia, que será celebrado no dia 31 de agosto, a Prefeitura de Uberlândia, por meio das secretarias municipais de Governo e Comunicação e Cultura e Turismo, preparou uma série especial de textos com curiosidades históricas da cidade a serem disponibilizados semanalmente ao longo do mês.

Este é o primeiro da série, e contará um pouco da história da criação do município, seus pioneiros, estratégias e planos para desenvolver o então distrito. Além da conservação e preservação das primeiras estruturas que transformaram uma porção de terra inexplorada na melhor cidade do estado.

As informações que constam no texto foram retiradas do livro “Uberlândia: histórias por entre trilhas, trilhos e outros caminhos”, disponível na Biblioteca Municipal, documentos do Arquivo Público Municipal e entrevista com a Diretora de Memória e Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.


Reprodução da 1ª Planta completa de Uberabinha 1898 – a planta original está no Arquivo Público da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo


O princípio de São Pedro de Uberabinha

Quem vê a modernidade de Uberlândia, seu forte desenvolvimento industrial, edificações majestosas, larga extensão comercial, opções e variedade cultural, não imagina que este cenário foi desenvolvido cadenciadamente desde sua criação. Isso porque os planos progressistas da cidade mineira têm origem já desde as distribuições das sesmarias.

Com intuito de povoar o interior das terras brasileiras, um plano de cessão de grandes extensões de áreas foi realizado pela coroa portuguesa. Um dos beneficiados por essa repartição de terras virgens foi João Pereira da Rocha, que se instalou na fazenda São Francisco em 1818, o primeiro entrante a fixar residência nesta região, juntamente com seus escravos e familiares.

Já em 1835, um quarteto vindo de Santana do Jacaré, região do sul de Minas Gerais, resolveu se fixar nas novas terras, eram os irmãos Carrejo: Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto. O pioneiro João Pereira da Rocha vendeu parte de suas terras para esta fraternidade que deu origem, respectivamente, às fazendas que perduram na zona rural do município até hoje: Olhos D’Água, Lage, Marimbondo e Tenda.


Fotos: Arquivo Municipal / Secretaria Municipal de Governo e Comunicação / PMU



Estratégias para o progresso

Posteriormente, com a morte de João, sua esposa Francisca Alves Rabelo negociou a venda de parte de suas terras para Felisberto que as doou, em 1846, para a Igreja com o intuito de construir uma capela no local. Mas por que Felisberto não doou uma das terras que já possuía para o clero?

“Orientados por Felisberto, os moradores pediram ao Bispado a permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada à Nossa Senhora do Carmo. Ela foi idealizada em 1846 e construída em adobe e barro, nas proximidades de uma estrada conhecida naqueles anos como Estrada Salineira, atualmente Rua José Ayube”, explica Valéria Maria Queiroz Cavalcante Lopes, Diretora de Memória e Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. “Esta comunidade estava se formando no interior do Sertão da Farinha Podre, dessa forma, faz sentido pensar que desejaram estabelecer o Arraial às margens de um caminho conhecido no século XIX”, continua Valéria.

Além disso, de acordo com a diretora, a criação de uma capela com pessoas se instalando ao redor produz o início de uma organização social que pode, com o tempo, ser considerada uma cidade. Por isso, Felisberto viu a necessidade de construir uma capela estrategicamente localizada perto da Estrada Salineira. “Esse deve ter sido o raciocínio do Felisberto, pois aqui passava boiada. Além disso, ele teve uma visão comercial, já que era ferreiro, ou seja, se instalar na margem da estrada para ele é a mesma coisa de hoje em dia construir uma borracharia em uma rodovia. Naquela época todo mundo precisava de um ferreiro para cuidar dos animais utilizados como meio de transporte”, explica.

A capela dedicada à Nossa Senhora do Carmo que centralizava o burgo teve em sua proximidade a construção de um cemitério conhecido como Campo Santo. Ao longo da história de Uberlândia, esses dois locais, que deram origem à primeira organização social do município, foram se transformando consecutivamente em edificações de grande valor urbano e social.

Pouco tempo depois da criação da capela, em 1861, ela se tornou matriz, em termos práticos, a ampliação da igreja simboliza uma evolução de classe que altera o que o burgo pode fazer em nível de organização social.


Fotos: Arquivo Municipal / Secretaria Municipal de Governo e Comunicação / PMU


Memória e Contemporaneidade

A extensão de terra que compreendia o pequeno distrito ficava entre os córregos Das Galinhas e São Pedro e vinha do rio Uberabinha. Atualmente, o Córrego São Pedro é a principal avenida da cidade, Rondon Pacheco, que passa por dez bairros do município. A via tem prédios comerciais e residenciais e é conhecida como o Corredor Gastronômico de Uberlândia por sua grande variedade no ramo alimentício.

Já o Córrego das Galinhas se tornou a avenida Getúlio Vargas, que embora seja menor em extensão do que a Rondon Pacheco, também compreende dez bairros da cidade, das regiões central, oeste e sul. A avenida Getúlio Vargas é marcada por uma extensa arborização e presença de diversos centros de saúde, além de abrigar o tradicional Mercado Municipal.

Já a Matriz Nossa Senhora do Carmo foi berço das principais atividades religiosas da cidade por 80 anos, quando foi demolida e deu lugar à primeira estação rodoviária da cidade. Na década de 1970, o espaço novamente se transformou e se tornou a Biblioteca Pública Municipal.

Em 1898, o cemitério Campo Santo foi desativado e deu espaço, dez anos depois, a Praça da Liberdade, adjetivo que caracterizava o momento político de sua construção: a Proclamação da República, além disso, o espaço abrigou a Câmara Municipal e um coreto. Atualmente, a praça se chama Clarimundo Carneiro, em homenagem a um importante empresário local, e o prédio da Câmara se tornou o Museu Municipal.

Para conservar a própria história do edifício, o Museu Municipal ainda tem um espaço com antigos adereços da Câmara Municipal na exposição “Câmara Municipal: fragmentos da história”. Além disso, uma de suas salas abriga a exposição “Nossas Raízes”, contendo uma maquete desta primeira Uberlândia, retratada no mapa acima, de 1898. Nela é possível visualizar a Matriz Nossa Senhora do Carmo com suas duas imponentes torres e o início de um distrito, ainda bastante ruralizado, com casas simples de adobe rodeadas pela terra vermelha e pequenas plantações de subsistência.

A localização do Museu Municipal e suas exposições são simbólicas, visto que sob a história preservada nas salas de visitação, guardam a memória daqueles primeiros sujeitos que viveram e construíram o município através da realidade retratada nas exposições.


Foto: Secretaria Municipal de Governo e Comunicação / PMU



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