quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Um repelente social

                                    



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA


                                                     UM REPELENTE SOCIAL

A comunicação é um conduto tão inerente a nós, tão necessário e natural que é difícil entendermos como alguém conseguiria existir sem se comunicar. Isso é tão real que em diversos momentos falamos conosco mesmo.

Mas devemos prestar atenção em algumas formas de comunicação que podem se tornar verdadeiros repelentes sociais. Vamos lá!

A fala, como um processo social, une as pessoas. Mas um psicólogo belga chamado Bernard Rimé decidiu estudar a maneira como as pessoas se comunicam e descobriu que a maioria das pessoas se sentiam impelidas a falarem a respeito de suas emoções negativas e que, quanto mais intensas eram essas emoções, mais elas eram lembradas e, consequentemente contadas. Exceto experiências em que as pessoas se sentiam muito expostas e com vergonha de contar.

Parece óbvio o que lemos acima, mas Bernard Rimé entendeu, a partir da sua pesquisa que, comunicar repetidamente uma experiência negativa, acaba afastando as pessoas do nosso convívio. Vejam só que ironia!

O que o pesquisador sinalizou é que não significa que falar sobre contextos difíceis ou desafiadores afastam todos de nós, mas que pode transformar uma experiência útil em uma negativa. E o que entendemos disso?

É que todos nós temos um limite para a quantidade de desabafos que conseguimos ouvir. E isso tem relação até quando falamos de pessoas que amamos.

O legal de toda essa pesquisa é que nos dá um mote para entendermos o quão importante é sabermos que o nosso organismo tem um limite e que precisa ser respeitado. Quantas vezes ouvimos algumas pessoas dizerem: “Não aguento mais ouvir aquele colega que vira e mexe fala a mesma coisa sempre”. É seu corpo te induzindo a respeitar os seus limites.

E ainda têm aquelas pessoas que falam e não permitem uma interação. Querem falar o tempo todo. Monologamente. Relacionamentos se fortalecem por meio da reciprocidade. Vivenciar monólogos será um desastre e desgastará a relação.

Um estudo feito com adolescentes teve um resultado doloroso: os que são propensos a lamentações são mais solitários, socialmente excluídos e rejeitados, são mais alvo de fofocas e boatos dos colegas e podem até sofrer ameaças de violência. Infelizmente isso também se aplica para adultos.

(Na próxima conversa psicanalítica continuaremos o assunto).

 

Um grande abraço para você!


Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Incerta certeza

                                



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA


                                                                  Incerta certeza

O título do artigo parece piada, mas não é. É isso mesmo que vocês estão lendo.

É estranho, pois mesmo tendo ciência das nossas limitações, de nossa humanidade tão frágil, seguimos acreditando que conseguimos controlar algumas situações. Talvez o que nos doa forças para adentrar em alguns contextos é simplesmente o fato de pensarmos que temos condições, ou certeza, de que conseguiremos dar conta da ocasião, seja ela qual for, seja por qual motivo for.

Pois bem, a verdade é que a única certeza que podemos ter é da incerteza e, por incrível que pareça, é esta dúvida que nos orienta.

Mesmo insistindo em pensar que temos o controle de quase tudo o que fazemos, a ideia do não controle é muito pertinente, pois nos dá a possibilidade da dúvida, e esta é capaz de nos mover para não perdermos o movimento da ação. Ação esta sempre inconclusa que nos moverá a novas outras ações, que nos manterá sempre em curiosidade.

É como se a certeza possuísse vazios que, ingenuamente insistimos em preencher. Tal proposição me faz lembrar de uma escrita de Franz Kafka: “Ler para fazer perguntas”. Como se quanto mais buscássemos, por meio do estudo, o conhecimento profundo das coisas, ou as certezas na ou da vida, fôssemos levados a um buraco que não tem fundo e que nos manterá em suspensão por toda a nossa existência.

E por que é tão difícil lidar com a incerteza? Por causa da prepotente onipotência que julgamos ter.

É só observarmos a história. Quantos estudos passados foram refutados ou mesmo ampliados com o passar do tempo! E quantos outros serão revistos no futuro por causa da possibilidade de aprofundamento que ora, em nossa época, não foi possível ter.

Mas uma questão é certa: devemos nos afastar das classificações, pois estas nos afastam de conhecimento maior. Não deve existir um imperialismo das ideias, mas um coração aberto para aprender mais, com a certeza da incerteza de que sempre teremos mais para aprender.

Um grande abraço para você!


Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Peça do Coletivo Pedra Rubra promove curioso encontro entre mulheres de diferentes momentos da Humanidade

Nos dias 23, 26, 27 e 30 de outubro de 2024, quarta-feira e sábado, às 20h30, domingo às 19h, com entrada gratuita, o Coletivo Pedra Rubra ( @coletivopedrarubra ) realiza apresentações da temporada de reestreia do espetáculo teatral “Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas”, no Centro Cultural da Diversidade, na Zona Oeste de São Paulo (SP). A apresentação do dia 30 de outubro conta ainda com Tradução em LIBRAS.

Coletivo Pedra Rubra - Foto de Gunnar Vargas


O espetáculo “Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas” narra as histórias de vida de três mulheres que vivem em décadas distintas, demarcando as nuances do tempo e da época em que cada uma delas está inserida. 


Até que um dia, ao quebrar as barreiras do tempo cronológico, elas se cruzam e acabam percebendo que, independente do tempo em que se vive, todas as mulheres ainda caminham sob "olhos sociais" que ditam seus corpos, suas escolhas e suas atitudes. E seguem engolindo, em doses homeopáticas, toda a dor que carrega uma mulher.


“Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas” retrata as opressões, abusos e violências que as mulheres sofrem no seu dia-a-dia através da linha do tempo traçada entre os anos de 1949, 1989 e 2024. As dores e sofrimentos dessas mulheres são representadas também por pequenas doses que, poeticamente, gotejam no palco ao longo de todo o espetáculo, até o momento que essas doses aumentam gradativamente. 


Dentre tantos sofrimentos e dores, as personagens cometem ações extremas consideradas imorais e/ou ilegais. Em razão disso, durante todo o espetáculo, essas mulheres são julgadas, seja pelo seu comportamento ou por suas atitudes, e o público oscila no exercício dos papéis de júri e espectador. 


As ações fazem parte do projeto “Mulheres do Corre - Das Lutas Inglórias Nasce o Sol de Todo Dia” do Coletivo Pedra Rubra, contemplado na 42ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura, com o qual o grupo celebra dez anos. 


O objetivo do projeto é pesquisar e criar sobre essas “mulheres do corre”*, partindo da pergunta “O que é ser uma mulher periferia na sociedade atual?”. Sendo este também o ponto de partida para o processo de criação e pesquisa do experimento cênico.


“Compreendemos que as “mulheres do corre” são aquelas que vivem na margem, longe das regiões centrais e que trabalham, pagam conta, cuidam de filhos, da casa. Mulheres que têm seus próprios corpos e histórias como exemplos de resistência, a sua vida é uma luta diária, uma busca constante de se manter viva mesmo com tantos desafios e discriminações”, comenta o coletivo.


Buscando evidenciar os caminhos que essas mulheres percorrem, aquilo que atravessa seus corpos, suas vozes e pensamentos, o grupo optou por se afastar de referências eurocêntricas e de mulheres burguesas, para aprofundar o olhar para a verdadeira realidade das mulheres da periferia.


Informações: www.instagram.com/coletivopedrarubra/ e www.facebook.com/coletivopedrarubra


Teaser: https://www.youtube.com/watch?v=peRDPEptEuc


Ficha Técnica - Criação, encenação, direção e dramaturgia: Beliza Trindade, Juliana Aguiar e Lilian Menezes. Elenco: Beliza Trindade, Juliana Aguiar e Lilian Menezes. Voz em off: Bruno Trindade. Criação de Trilha Sonora: Yuri Christoforo. Arranjo Tranças Trançados: Welligton Benardo e Jéssica Evangelista. Figurinista: Laura Alves. Designer de Luz: Rodrigo Pivetti. Cenário: Juliana Aguiar. Produção: Coletivo Pedra Rubra. Produtoras: Beliza Trindade e Priscila Lopes. Assistente de produção: Juliana Aguiar. Assessoria de imprensa: Luciana Gandelini. Fotos: Gunnar Vargas. Identidade visual: Bartira Trindade. 


Serviço: Reestreia do Espetáculo “Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas”

Com Coletivo Pedra Rubra 

Sinopse: O espetáculo conta a história de três mulheres que vivem em décadas distintas – 1949, 1989 e 2024. Diante de um tribunal, as personagens vão vivendo suas histórias ao mesmo tempo que respondem a um julgamento, traçando questionamentos e reflexões acerca da posição da mulher na sociedade. Duração: 50 minutos

Grátis - Classificação: acima de 14 anos


Quando: 23, 26, 27 e 30 de outubro de 2024 

Horário: quarta-feira e sábado às 20h30, domingo às 19h

Onde: Centro Cultural da Diversidade - Endereço: Rua Lopes Neto, 206 - Itaim Bibi - Zona Oeste - São Paulo (SP)

Capacidade: 186 lugares

Acessibilidade: não

Tradução em LIBRAS na apresentação do dia 30 de outubro

Não possui estacionamento


Enquanto ainda temos esperança

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