domingo, 31 de março de 2024

Pavor sem solução

                                    



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA


                           Pavor sem solução


Quem não tem uma cicatriz para rememorar a história de uma experiência não muito agradável?

Geralmente estas cicatrizes nascem de tempos muito antes de sabermos lidar melhor com o que as pessoas chamam no senso comum de juízo.

De certa forma as pessoas estão certas. O córtex pré-frontal de uma criança, pode dizer ao sistema límbico dela, que facas ou agulhas são perigosas, mas o sistema límbico não vai responder à razão, porque crianças não tem o córtex pré-frontal totalmente desenvolvido, por isso não conseguem aprender com a experiência dos outros. Entendeu agora porque as crianças se machucam muito?

Por isso que em algum momento de perigo, em que a dor aparece por consequência de um ato (im)pensado, é importante que os pais acolham a criança e validem sua dor, antes de qualquer repreensão.

Se acaso acontecer de apenas haver a repreensão, com palavras do tipo: eu avisei antes ou não venha para o meu lado agora, ou ainda, se vier eu vou te bater, pare de chorar; irá acontecer o que é chamado de pavor sem solução.

Quando em perigo ou machucada, as primeiras pessoas que as crianças procuram são os pais, porque acreditam encontrar neles o lenitivo para aquele momento desconfortável ou doloroso. Esta busca por alívio nos pais é algo biológico, as crianças já nascem com ele.

Se não encontram guarita nos pais quando estão em desespero ou desolados, a criança terá que crescer entendendo que ela mesma tem que se valer nestes momentos. Todavia, ela não tem recurso para isso. Então, quando adolescentes, sentirão muita ansiedade, talvez pânico ou depressão. Passarão pela fase mais perigosa da vida com sentimentos muito negativos a respeito das pessoas e da própria vida, o que dificultarão muito sua existência.

Sermos compassivos em momentos de dor de outrem é importante para exercitarmos a empatia que é tão natural em nós. Assim conseguiremos ter uma vida melhor quando buscamos fazer o bem para o outro, principalmente para nossas crianças, seres tão vulneráveis.

Um fortíssimo abraço para você!

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