CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
O seu passado é o seu presente
Na análise é interessante como nos atemos ao passado como ferramenta para entender as questões presentes de nossos analisandos. É um manejo muito efetivo, pois não podemos negar: o nosso passado é o nosso presente. Assim sendo, vamos à análise por causa de dores de feridas que foram abertas em algum lugar que, muitas vezes, não é o presente.
O passado ele não para de se apresentar e, o que é importante saber é que, quanto mais o ignoramos, mais ele te segue querendo que você o perceba.
Uma constatação deste fato é percebermos o quanto lutamos com situações que são recorrentes. Sabe aquela mania que insistimos para vencer desde criança? Ou escolhas repetitivas mesmo sendo não muito interessantes?
A bem da verdade é que quando procuramos um analista é porque queremos diluir conceitos que dirimem nossas ações e que nos foram passados na infância. Como uma pessoa que teve que trabalhar desde pequena para pagar o favor de morar na casa de um parente, leva para sua família a mesma atitude. O que, certamente, traz muito conflito para ela. Ou mesmo aquele legume que você era obrigado a comer enquanto infante, e que hoje, não apresenta para a família por sentir asco do mesmo.
A grande questão é que diversas vezes assumimos papéis que não são interessantes e nem relevantes na época por uma questão de sobrevivência, adequação, mas que, não percebemos que não é mais necessário hoje.
Entendendo assim, parece que o passado somente prega peças para nós, mas, na verdade, ele é a chave para o presente e para o futuro.
Quando sentimos que dores nos assolam, acredito que as grandes perguntas deveriam ser: por que esta dor está presente neste momento? Ela está indicando que existe uma ferida, e qual seria esta ferida?
Estas questões nos permitem olhar para dentro de nós mesmos e, mesmo que a resposta não apareça de imediato, nossa psique será ativada e a pergunta reverberará até que a questão seja rememorada. Este pode ser um bom caminho para a resolução de muitos atos repetitivos.
Evidentemente que nem sempre conseguiremos sozinhos. Sendo assim, um bom profissional pode nos auxiliar a encontrar caminhos possíveis de entendimento e, consequentemente, de elaboração.
Mercedes tinha crises de pânico, depressão, por sentir-se culpada por ter feito, segundo ela, muitas coisas que a deixavam com uma vergonha enorme de viver. Conversando, percebemos que, mesmo que as ações não tenham tido muito valor moral, foi o que ela entendia que deveria realizar no momento com o recurso que possuia. No auge dos seus 69 anos entendeu que o passado, juiz cruel do presente, estava cobrando uma dívida que já havia sido paga, mas que continuava sendo cobrada. Ao entender este processo, sentiu-se livre, capaz de respirar aliviada e seguir a existência com novas experiências.
Que passado tem te assolado? É realmente necessário ouvir a voz dele? Será que não era apenas o que conseguia fazer naquele momento com a capacidade que possuía? Se sim, por que se martirizar?
Tente fazer as pazes com seu passado e um fortíssimo abraço para você!
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