CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Felicidade
Viver é lutar! É um jargão que utilizo bastante, sobretudo com os meus analisandos. O mundo em que vivemos não dá trégua. Estamos em sobressalto o tempo todo. Na verdade, lutando para conseguir lidar com as dificuldades da existência.
Diante disso buscamos quase obsessivamente a felicidade. Desejamos este sentimento todo dia, o tempo todo. Mas você sabia que isso é impossível? É extremamente improvável sermos felizes todo o instante da existência? É triste, eu sei, mas é uma verdade.
Não dá para ser feliz em um mundo de contrastes. Quando as dificuldades são pequenas, essas passam desapercebidas por nós, mas quando são grandes não temos como negá-las.
Até porque como vou sentir o frio se nunca senti calor? Como vou experimentar o amor se nunca experimentei o desamor? Sentir alegria, se nunca tive nenhuma tristeza? Eu somente valorizo e busco algo porque senti o contrário dele.
Tal assertiva nos faz pensar que a felicidade está nos contrastes, nas diferenças. Então, não temos como ser felizes? O que é a felicidade afinal?
A resposta está na maneira como encaramos as situações difíceis. Não podemos negá-las e para tanto temos que treinar a resiliência. O que é ser resiliente? É enfrentar os contextos conflituosos com o olhar no futuro. É entender que a felicidade tem o aqui e o agora aglutinado com o futuro.
Por isso devemos buscar caminhos que nos fazem felizes no momento presente, mas que nos doará felicidades também no futuro. Quem pensa em realizar atos que só trarão felicidade no futuro ou apenas ações presentes que trazem contentamento, jamais serão felizes.
Um bom exemplo é a prática da atividade física. Você treina para ter um corpo saudável agora no presente e que também continuará saudável no futuro, mesmo que este treino lhe conceda boas dores no corpo. Você enfrenta a dor, sendo resiliente a ela e continua, porque entende que terá benefícios agora e no futuro.
A professora Claudia Feitosa-Santana faz outra analogia que, talvez, nos ajudará a entender melhor: a alimentação. Se eu comer um alimento que é gostoso no momento, mas que não me dará nutrientes para eu ser saudável no futuro, só serei feliz agora. Se comer algo que não é muito apetitoso, mas sabendo que nos futuro terei saúde, a felicidade vai residir em um lugar muito distante, então não serei feliz agora. Todavia, se eu comer um alimento gostoso e saudável, terei o benefício do agora e do futuro.
Além da resiliência, o comer e o dormir bem são essenciais. Quando dormimos bem, alimentamos nosso cérebro e assim tomamos decisões mais acertadas. O dormir mal faz com que adquiramos ansiedade e depressão, dois inimigos da felicidade. Descansar faz com que não sintamos estresse, então ficamos mais felizes.
Outro componente da felicidade é o foco. Estar com alguém é muito bom, mas precisamos estar realmente com esta pessoa, por inteiro. Exercer um ofício ou entreter lendo um livro também deve ser feito sem outras ocupações paralelas. Foco anda junto com gratidão. Faz com que não procrastinemos, ação que anda de mãos dadas com a infelicidade. Estar focado nos ajuda a ver nossas potencialidades e sendo assim, passamos a nos admirar mais.
Também precisamos entender que necessitamos ter experiências e não coisas. Quando adquirimos bens, a felicidade que nos assalta é passageira. Quando vivemos boas experiências, a felicidade oriunda deste encontro perdura.
Continuaremos o assunto na próxima semana.
Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!
instagram: baunilha45
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